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Caminhar pode atrasar o Alzheimer: o que revela o novo estudo da Nature Medicine

 

A doença de Alzheimer continua a ser uma das maiores preocupações de saúde pública do século XXI. Com o aumento da esperança de vida, cresce também o número de pessoas em risco de desenvolver declínio cognitivo e, até hoje, ainda não existe uma cura eficaz. No entanto, a ciência tem revelado que alguns fatores de risco são modificáveis, ou seja, dependem em parte dos nossos hábitos diários.

Entre esses fatores, a atividade física destaca-se como uma das estratégias mais promissoras para proteger o cérebro. 

Mas quanto exercício é realmente necessário? 

Caminhar todos os dias faz mesmo diferença?

Um estudo recente publicado na revista Nature Medicine (2025) traz novas respostas. Investigadores analisaram centenas de adultos sem sintomas de Alzheimer e descobriram que quem se movimenta mais apresenta uma progressão mais lenta das alterações cerebrais associadas à doença  especialmente no acúmulo da proteína tau, um dos principais marcadores do Alzheimer.

Mais do que um dado científico, este resultado é uma boa notícia: mostra que pequenas mudanças no dia-a-dia como caminhar um pouco mais  podem ajudar a adiar o aparecimento de sintomas por vários anos.

Principais resultados

  • Foram incluídos 296 participantes cognitivamente sem comprometimento ao início (CU = cognitively unimpaired) e com pedómetro medindo passos diários. Nature

  • Embora a atividade física não tenha se mostrado associada à carga de amiloide (β-amilóide, Aβ) ou à sua acumulação ao longo do tempo. Nature

  • A atividade mais elevada foi associada a menor acumulação de tau (especificamente na região temporal inferior), em pessoas que já tinham maior carga de amiloide basal. Essa menor acumulação de tau mediou (em boa parte) a associação entre maior atividade e menor declínio cognitivo/funcional. Nature

  • O estudo ainda encontrou uma relação dose-resposta: bastante sedentários que aumentavam para níveis moderados (ex: 5.001-7.500 passos/dia) beneficiavam de modo claro, e acima disso os benefícios parecem estabilizar. Nature

    • Por exemplo: com elevação de passo para 3.001-5.000 passos/dia já houve da função cognitiva e funcional. Nature

    • O estudo estima que, para o grupo com elevado Aβ: quem era inativo chegaria ao limiar de comprometimento cognitivo estimado em ~6,5 anos; se tivesse atividade “low” ~9,6 anos; se “moderate” ~13,6 anos. Nature

O que significam estes resultados

  • Importante: a atividade física não parece “evitar” a deposição de Aβ, mas modula a fase seguinte a acumulação de tau, que está mais fortemente relacionada ao dano neuronal e declínio cognitivo.

  • Isto sugere que a atividade física pode retardar a progressão da DA em fase pré-clínica (antes de sintomas)  o que abre espaço para intervenção precoce, para adultos sem sintomas mas com risco.

  • O “platô” de benefício (por volta de 5.000-7.500 passos/dia) é um dado muito útil: torna a meta mais acessível (sobretudo para quem está sedentário) do que o objetivo popular de 10.000 passos/dia.

  • Em termos de saúde pública: se se conseguir convencer adultos de meia-idade ou idosos sem sintomas a atingir ao menos esse nível moderado de passos por dia, pode-se adiar o início de deterioração cognitiva de anos o que tem impacto enorme.

Recomendações práticas para o público

  • Se ainda não estivesse a fazê-lo, comece hoje a aumentar o número de passos diários. Meta sugerida: pelo menos 5.000 passos por dia — idealmente 5.000-7.500 como “nível moderado” para maximizar benefício segundo este estudo.

  • Tornar isto contínuo: caminhar diariamente, usar escadas, evitar estar sentado longos períodos, pequenas pausas activas. Mesmo para quem já tem vida relativamente ativa, manter ou subir um pouco já pode fazer diferença.

  • Aliar à atividade de passos outras atividades de movimento ainda que o estudo foque nos passos, exercício de força, flexibilidade ou cardiovascular podem reforçar a “reserva cognitiva”.

  • Combinar com outros hábitos saudáveis: alimentação equilibrada, sono adequado, controlo de fatores de risco cardiovascular (hipertensão, diabetes, tabagismo).

O estudo da Nature Medicine reforça algo simples, mas poderoso: o movimento é uma forma de cuidado com o cérebro. Não precisamos de maratonas ou ginásios bastam alguns milhares de passos por dia para nutrir o corpo e proteger a mente.

Pequenas ações, repetidas com constância, têm o poder de transformar o futuro da nossa saúde. 

Cuidar-se hoje é o melhor investimento para um amanhã com mais autonomia, memória e qualidade de vida.

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