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Diabetes nos Idosos: desafios, cuidados e qualidade de vida


A diabetes é uma das doenças crónicas mais comuns na população idosa, afetando significativamente a saúde, a autonomia e o bem-estar. Com o aumento da esperança de vida, cresce também o número de pessoas com mais de 65 anos que vivem com esta condição, o que torna essencial compreender os seus desafios específicos e garantir cuidados adequados para esta fase da vida.

Por que a diabetes é tão comum entre os idosos?

Com o envelhecimento, o organismo passa por diversas alterações que contribuem para o aumento do risco de desenvolver diabetes tipo 2, entre elas:

  • Redução da sensibilidade à insulina;

  • Aumento da gordura corporal, especialmente abdominal;

  • Diminuição da atividade física;

  • Alterações hormonais associadas ao envelhecimento;

  • Presença de outras doenças crónicas, como hipertensão ou dislipidemia.

Além disso, muitos idosos foram diagnosticados em idades mais jovens e continuam a viver com diabetes ao longo de vários anos, o que requer uma gestão contínua e ajustada.

Principais desafios da diabetes na terceira idade

Os idosos enfrentam necessidades específicas no controlo da diabetes, tais como:

1. Risco aumentado de hipoglicemia

Medicamentos inadequados, alimentação irregular ou alterações na função renal tornam os episódios de hipoglicemia mais frequentes e potencialmente perigosos.

2. Presença de múltiplas doenças

A coexistência de problemas como hipertensão, doenças cardíacas, artrite ou demência exige um plano de cuidados integrado.

3. Fragilidade física e mobilidade reduzida

A diminuição da força muscular e da coordenação pode dificultar atividades como preparar refeições saudáveis ou praticar exercício.

4. Alterações cognitivas

Problemas de memória ou orientação podem comprometer a capacidade de gerir corretamente a medicação ou monitorizar a glicemia.

5. Risco de complicações

Complicações como neuropatia, problemas de visão (retinopatia) e doença renal são mais comuns neste grupo etário.

Cuidados essenciais para idosos com diabetes

Para promover uma vida saudável e autónoma, é importante adotar uma abordagem personalizada e centrada na pessoa:

1. Alimentação equilibrada e adaptada

Refeições simples, com horários regulares e alimentos ricos em fibras ajudam a controlar a glicemia. É fundamental considerar limitações como falta de apetite, dificuldades de mastigação ou restrições financeiras.

2. Atividade física adequada

Caminhadas leves, exercícios de equilíbrio, alongamentos ou atividades como hidroginástica contribuem para o controlo glicémico, a força muscular e a autonomia.

3. Monitorização regular

Averiguar glicemia, pressão arterial e outros parâmetros é essencial, mas deve ser adaptado à capacidade do idoso e ao seu contexto de vida.

4. Medicação ajustada

A escolha dos medicamentos deve considerar o risco de hipoglicemia, a função renal, as interações com outros fármacos e o estilo de vida da pessoa.

5. Apoio familiar e comunitário

O acompanhamento por familiares, cuidadores ou serviços sociais é crucial para garantir segurança, adesão ao tratamento e bem-estar emocional.

6. Promoção da autonomia

Ensinar estratégias simples de autocuidado, com linguagem acessível e ferramentas práticas, ajuda o idoso a sentir-se mais confiante e independente.

Valores de Referência
Os exames para verificar a glicemia capilar são diversos e podem variar de acordo com o laboratório e testes utilizados, porém os resultados geralmente devem ter valores conforme a tabela abaixo:

Tabela de valores de glicemia

CategoriaEm jejumApós 2 horas das refeiçõesQualquer hora do dia
Glicemia normalMenor que 100 mg/dLMenor que 140 mg/dLMenor que 100 mg/dL
Glicemia alteradaEntre 100 mg/dL e 126 mg/dLEntre 140 mg/dL e 200 mg/dLNão é possível definir
DiabetesMaior que 126 mg/dLMaior que 200 mg/dLMaior que 200 mg/dL com sintomas

Qualidade de vida: o foco essencial

O objetivo central do tratamento da diabetes nos idosos não é apenas controlar a glicemia, mas sim garantir qualidade de vida, conforto, segurança e dignidade. Uma abordagem humanizada, que considere os objetivos e preferências da pessoa, é fundamental para um envelhecimento saudável.

Investir em pesquisa para entender melhor as interações entre a diabetes e o envelhecimento, bem como desenvolver estratégias de prevenção específicas, é crucial para enfrentar o impacto crescente desta condição na população idosa. Ao abordar os desafios únicos e implementar cuidados personalizados, podemos não apenas melhorar a qualidade de vida dos idosos com diabetes, mas também contribuir para um envelhecimento saudável e sustentável.

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